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A Prefeitura e o Ministério Público acabam de chegar a um acordo, louve-se, em torna da plataforma do Emissário Submarino, autorizando-se a Prefeitura a fazer lá o projeto “As ondas – Santos 21” em seus 43 mil metros quadrados. Mas na ocorrência trágica do desaparecimento do mágico cavalgador iluminado e gerador de sonhos Beto Carrero – João Batista Sergio Murad -, aos quase 70, temos que buscar dados nas reminiscências de nossa história recente para tentar entender o porquê dele não estar aqui.

Entender a história desta Plataforma imposta sobre a praia pela Sabesp em 1978 e que, destaque-se, tinha na autorização federal para as obras como EXPRESSA OBRIGAÇÃO à retirada do entulho, o que nunca ocorreu – à revelia da lei que não é igual para todos. É preciso compreender as razões de uma outra gestão municipal (1993-1996, de David Capistrano) não ter conseguido solucionar o problema da Plataforma. E instalado aqui o parque temático há 11 anos, em 1997 – com o engajamento de um empresário local, Pepe Astult, capitalizando Santos com o Zorro brasileiro, na licitação que foi cancelada. Agora, o Município obteve uma autorização de uso de 10 anos, prorrogáveis, mas para fazer um parque desmontável.

É esta exigência do MP por sua transitoriedade, em face de uma Ação Civil Pública em curso que pode determinar a retirada do entulho, lá colocado há 30 anos. É o que diz a Ação Civil Pública dos Procuradores federais Antonio Donizzeti Molina Daloia e Luiz Antonio Palácio Filho junto com Nelson Prado, da Advocacia Geral da União – em 14/4/2005 -, em função dos prejuízos ambientais de sua implantação em prejuízo da movimentação de águas e areias. A ausência da remoção constitui uma prática omissiva reiterada e permanente da SABESP, diz o texto da Ação que tramita. E pode determinar a retirada do da Plataforma, que não cobre os canos e pode (e deve) ser retirada.

Beto Carrero, cidadão do interior de SP, queria ser o Zorro brasileiro, foi músico e radialista – e a agência de propaganda que criou foi uma das 20 mais do país. No parque que fez no litoral catarinense após ir à Disneylândia, hoje o maior do mundo, existem 60 atrações e serviços – desde apoio aos deficientes à farmácia, bancos e guarda-volumes, berçário, lojas, material fotográfico e serviço, telefone, transporte – coisas que nenhum atrativo tem.

O caso é que ocorreu um episódio que poucos têm conhecimento envolvendo Beto Carrero, que esteve com sua linda namorada na sua Mercedes verde-oliva na porta da Prefeitura, no alto da escada aguardando o momento da audiência, em 1996. Acabando seu mandato, um integrante da equipe do então prefeito David Capistrano de saudosa memória tinha um amigo santista que, em fase de aposentadoria na empresa de Carrero, queria vir para Santos.

A necessidade de dar tratamento à Plataforma do Emissário, que deveria ter sido retirada, mas não foi (e que garante um equipamento ineficiente e precário que devolve restos para a praia) se aliou à oportunidade. O ex-funcionário de Beto Carrero combinou com o arquiteto internacional Eduardo Pasetto – este o nome de seu amigo e então secretário de Obras e presidente da Prodesan -, a implantação do Parque Beto Carrero. Mas o tempo empossou outro Beto na Prefeitura e, subitamente, o cavaleiro foi embora sem o ruído dos cascos de seu corcel e sem que nada fosse explicado para a cidade.