Select Page

Doces tempos da infância, já saudosa não só pela distância como pelos valores que deixamos, que jamais se repetiram, embora ainda os queiramos permanentes. Da solidariedade fraterna que aprendi com meus pais, com meus avós da Madeira, lusitanos de boa cepa daquela migração que se estabeleceu no alto – mas no alto do morro e do trabalho duro, construindo a cidade, reproduzindo a vida construída no sonho de D.Sebastião que voltará.

Foi dessas lições de solidariedade que aprendi e em que cresci, em que procurei sempre o combustível de minhas ações.  Tive sucesso no desenvolvimento desse espírito necessário à uma sociedade que amplia suas vítimas, nas iniciativas que empreendi nas entidades filantrópicas da colônia-base da nossa sociedade, nas entidades comunitárias que dirigi e ajudei a fundar. Assim ampliamos nosso trabalho, agora por Santos, como vereador – permanentemente na ótica social.

Saudades, porque a violência do combate político, se é que se pode chamar assim essa baixaria, é capaz de não ferir os experimentados na luta, o que prefiro nunca ser. Apesar de que a denúncia caluniosa sem provas que sobre mim se tentou aplicar, que de tão insensata e absurda iniciou um processo da própria liquidação da comissão que a fez progredir. Apesar dessa calúnia travestida de denúncia ser apenas resposta à outra que detonamos centenas de vezes, maior e concreta, comprovada e reconhecida pelos responsáveis como erro de fato, ela feriu.

Feriu este vereador já na casa dos 50, seus pais já passados dos 70, seus filhos, seus netos nascidos e nascendos nestes momentos de angústia. Feriu os amigos e colegas da heróica missão solidária de recuperar e multiplicar o segundo maior hospital filantrópico da segunda maior região do país. Feriu os antigos companheiros da bola, a todos os que se acostumaram ao procedimento correto e inquestionável que, de repente, era colocado em dúvida. O simples reconhecimento da inocência de quem nunca foi réu não acaba com este estrago.

Nem mesmo a vitória final do processo que causou essa calúnia, resgatando mais de seiscentos mil reais para o município no Imposto de Renda – que o proprietário do prédio da Câmara deixará aqui, para as pessoas de Santos -,  paga isso. Não paga sessenta dias de um processo absurdo, baseado não em acusações formadas pois que inexistente  o objeto, mas no “ouviu dizer” irresponsável e vítima de pessoas de eqüidistante postura no trato da coisa pública.

Trago pouco, quase nada, de patrimônio material. Trago muito, tudo o que Deus me permitiu, de realizações de solidariedade. Como pode qualquer um ofender um homem público? Pior, como podem desrespeitar uma trajetória de seriedade e coerência? As pessoas valem o que são e o que fazem ou é tudo brincadeira que vira pó de uma hora para outra? Não é a toa que a Comissão de Ética, Decoro e Corregedoria Parlamentar vai à pique. E nós vamos ajudar a constituir uma nova norma regimental para a Câmara.

Na origem do episódio, o contrato que denunciamos irregular, do prédio da rua XV alugado pela Câmara. Provamos, após um verdadeiro bombardeio de ofensas morais, que a pessoa física era a verdadeira proprietária, não a jurídica – e assim reduzimos um terço do aluguel, descontado na fonte, dinheiro que permanece agora no município.

Vencemos, iniciamos um vendaval de resgate do dinheiro público na cidade e no país – com a palavra, a Justiça. O custo? O desgaste da tentativa de desmoralizar o denunciante com calúnias. Arcamos com elas, fomos ao sacrifício, mas demos o exemplo de moralidade publica.

Nem mesmo a ação criminal contra os responsáveis pela tentativa de irmanar na lama os adversários pessoais, culpados por defenderem as pessoas da cidade, paga isso. É preciso nervos de aço para suportar a infâmia que atinge familiares, amigos, correligionários, adeptos, companheiros de caminhada, aliados, andantes comuns em prol de ideais de justiça.

Pagará sim, com o nosso sacrifício, para além de nosso tempo, o exemplo de respeito à moralidade pública, que saneia não apenas os males sociais que decorrem da falta de dinheiro, desviado de suas finalidades principais, para obras e gastos sem prioridades de defesa da vida. Mas o exemplo que corrige e aponta para o futuro a comunidade humana.

São estes procedimentos geradores da crise social que impõe a falsidade e o egoísmo, abrem a Caixa de Pandora que traz a deseducação e a violência, na filosofia do cada um por si – desta infância, no sentido de  ato primitivo, do homem na terra. Não é, absolutamente, aquela doce infância no morro, solidária e rica de exemplos lusitanos de mil anos de história, do sonho de grandeza que tentamos reproduzir nesta terra tropical.