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Há almas nesta cidade que compensam nossos tempos de aridez da necessária solidariedade e justiça social. E dentre estas, encontramos, procurando suprir os males sociais da miséria, desenvolvendo um trabalho essencial, uma destas almas, a quem  vamos homenagear, nesta Câmara, com a Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas.

O Padre Valdeci João dos Santos veio à luz em São Vicente, em 29 de março de 1963. Estudou no Colégio Santista e Primo Ferreira e tem apenas 38 anos, completados este ano – que extensos foram gratos à humanidade, nesta curta transição entre os homens na terra. Disse Schopenhauer que nos primeiros 40 anos de vida nos dão o texto ; nos 30 seguintes, o comentário. Com a certeza na frente e a história na mão, vigor, Valdeci segue a missão designada e escolhida.

Busca a vida para todos, que ele quer, obediente a Deus, que valha a pena, buscando a isenção do sofrimento entre seus irmãos. Quantos testemunhos provam a bem sucedida intenção de Valdeci ? Como Zilda Arns Neumann, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança, projetada internacionalmente por sua atitude cristã, Valdeci segue o caminho.

Valdeci fez seus estudos superiores na Universidade Católica de Santos, em Filosofia,  e em Teologia no Instituto de Teologia de São Paulo. Aprendendo cada vez mais, como diz, a ver o sofrimento do povo. E a saber que Deus mergulha neste sofrimento, para que o povo tenha vida.

O solidário Valdeci ordenou-se padre em 28 de outubro de 1990 e desde 1991 desenvolve trabalho na área social. Entrou em 11 de fevereiro de 1976 no Seminário Menor em Santos, onde teve várias experiências pastorais. Em 1990 foi para Caraguatatuba, onde ordenou-se diácono em abril do mesmo ano.

Em 28 de outubro, foi ordenado presbítero na Catedral de Santos, por Don David Picão, iniciando seu ministério sacerdotal como vigário paroquial na Paróquia São João Batista, em Caraguatatuba. Em 7 de dezembro de 1990, há 11 anos, foi nomeado vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Vicente. E em 22 de maio de 1992 foi nomeado foi nomeado primeiro pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na área continental de São Vicente.

 

Padre Valdeci é Pároco, desde 25 de março de 1996, da Paróquia Sagrada Família, na Zona Noroeste – e atualmente exerce as funções de Coordenador Diocesano da Pastoral Carcerária, de Coordenador da Região Pastoral Centro 1 e de  Vice-coordenador Diocesano da Pastoral.

Nesse núcleo, construiu uma creche para 56 crianças do Caminho São José. Com cursos de computação, em parceria com o Senai, com 160 alunos jovens e adultos. Atendendo 60 famílias com cesta básica, 30 crianças de 3 a 6 anos e de 7 a 14 anos do Dique do Caminho São José e do Caminho São Sebastião, apoio e atendimento psico-social pela Universidade Católica de Santos, para todos os irmãos que o procuram.

Ainda no Parque das Bandeiras, Padre Valdeci desenvolveu um trabalho com dependentes químicos, criando a “Associação Promocional Viver”, atendendo também 100 crianças com comida alternativa. Quando veio para Santos, para a Paróquia Sagrada família, assumiu os demais projetos, como a Pastoral Carcerária, em um processo de ressocialização.

Aprendeu com irmã Dolores a amar os pobres e com o padre Júlio aprendeu a amar o povo. Exercitando o que aprendera com os pais, muito pobres – de quem recolheu os exemplos de bondade e honestidade. E por isso ama a periferia, os pobres, porque aprendeu com eles a beleza da simplicidade.

Valdeci aprendeu a estudar a parte humanística, aprendendo a beber a fé na teologia e, no auge, na teologia da libertação. Aprendeu com o padre Josimo, que foi assassinado, a fé com compromisso social, com a necessidade de mudança. Don Helder Câmara, Don Pedro Casaldáliga, Don Angélico Sândalo Bernardino – Leonardo Boff, Don Claudio Hummes : foram e são exemplos de atitude cristã, a que acolheu o Padre Valdeci.

Ele aprendeu com D. Paulo Evaristo Arns, com grande sentido de esiritualidade. E com D. David aprendeu a ser pastor. E com o povo da Sagrada Família aprendeu a amar, a servir, a perdoar, a ser sacerdote. Padre Valdeci sente a visão de Cristo em cada rosto sofredor. E busca a justiça para os homens da terra de Deus.

Heidegger, Sócrates, Roger foram os caminhos de sua tese: considera que as pessoas sempre sabem algo dentro de sí. Devemos fazer sempre uma maêutica, tirar de dentro, valorizando o que a pessoa tem e aquilo que ela verdadeiramente é – para viver a utopia de More.

Sua leitura bíblica predileta é Exodus, capítulo III, de 7 a 10 : “eu vi o sofrimento do meu povo e por isso descí”. Deus sempre se envolve com o sofrimento para libertar o povo. Foi esta sua tese de teologia, no que é bacharel, sobre as comunidades eclesiais de base à luz do Exodus. É este seu norte, sua direção para salvação da terra.

O filho de José João e de Cecília Domingos dos Santos veio para nós como um presente, uma oferta, uma presença que reflete e pratica a vontade de Deus da promoção humana, que transforma a terra. É a ele que, merecidamente, servimos de veículo para homenagear em nome desta Câmara e desta cidade.

Fazemos isso em nome de sua gente que veio se solidarizar nesta homenagem e em nome dos que não puderam comparecer, todos os que oram e atuam com ele neste trabalho solidário – que há de redimir a terra com uma inundação de amor a Deus, acima de todas as coisas, amando ao próximo como a ti mesmo.

A Campanha da Fraternidade 2002, da Igreja Católica,  é “Fraternidade e Povos indigenas” – com o tema “Fraternidade e Povos Indigenas” e com o lema “Por uma terra sem males”, já lançada pelo Bispo Don Jacyr Braido. Reafirma a missão da solidariedade cristã, no necessário resgate.

 

Na lembrança do recente Dia dos Direitos Humanos e do Dia Internacional dos Povos Indígenas, no último dia 10, na atitude sensível do Padre Valdeci, relembramos Victor Hugo: Não há nada como um sonho para criar um futuro.    E o Padre Valdeci sonha com a humanidade. Vamos nos unir cada vez mais para realizá-lo !