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Posição enunciada pelo Presidente da República de que os lucros do petróleo recém-descoberto nas camadas de pré-sal e que se anunciam gigantescos, deve servir à educação e à erradicação da miséria – como no projeto do senador Suplicy – é uma exposição positiva e fundamental que não poderemos deixar de valorizar. Ela retoma o espírito da construção da PETROBRÁS, em 1953, há mais de 60 anos na luta “O petróleo é nosso” de 1947, que buscava a exploração do petróleo no resgate do bem-estar dos cidadãos deste país. Nós, que ajudamos com a Comissão Especial de Vereadores do Petróleo e do Gás a trazer a Unidade de Negócios a Petrobrás para Santos e vamos homenagear seu diretor-presidente José Luiz Marcusso temos a ver com isso.

O Brasil só passou a explorar intensamente seu subsolo, igualmente as nações do mundo que o possuíam, após a vitória do movimento “O petróleo é nosso” e a criação da Petrobras em 1953 – com um século de atraso em relação a outros países que enriqueciam com o petróleo. O Brasil tinha lentas e modestas atitudes na prospecção do petróleo, em ações movimentadas a partir dos anos 30, retardadas pelos grupos que não desejavam que o país tivesse petróleo – o que era evidente em seu amplo território, em face da existência do óleo nos países em redor. Para descobrir o poço de Lobato em 1939 se levou anos. No final do século XIX, dez países no mundo já exploravam petróleo. Aqui, Monteiro Lobato denunciava o atraso proposital. Não podíamos ter petróleo, embora o tivéssemos como as nações em redor.

O movimento “O petróleo é nosso”, surgido em 1947, formou uma entidade com sedes em todo o país denominada, inicialmente, Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional. É desse esforço que nasceu a Petrobras e a efetiva exploração do petróleo nacional, na luta de Monteiro Lobato que criou três companhias do ramo e passou a ser obstado pela criação do Conselho Nacional de Petróleo em 1938, que para ele fazia a política da Standard Oil americana tentando brecar esta iniciativa do Brasil.

As coisas por aqui andavam devagar. Os Estados Unidos iniciaram a exploração do petróleo em 1859 e um ano depois já tinham 174 poços e dezenas de companhias novas. Isso enquanto o Brasil abriu o primeiro poço em 1938 e, escreve Lobato, “um ano depois estava com três poços a menos e três companhias feridas de morte pelo Conselho (Nacional de Petróleo, criado neste ano)”.

Foram 89 anos entre o primeiro poço e a criação da Petrobrás, que inicia de fato a exploração do subsolo. Até sua fundação o país importava 93% dos derivados que consumia, apesar dos 52 poços aqui prospectados. Para se ter uma idéia, em novembro de 1860 havia 75 poços de petróleo funcionando em Oil Creek, nos Estados Unidos, quinze meses depois da descoberta em 1859 pela Pensylvânia Rock Oil Company. É esta a razão de nosso atraso em relação aos países-sede do capitalismo, que vamos recuperar agora.