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“Quem usufrui de dinheiro público não pode demitir”

Os vereadores da Câmara de Santos usaram boa parte do primeiro expediente do trabalho legislativo desta terça-feira (3/10) para se manifestar contrários a já anunciada paralisação da Usiminas em Cubatão. Com o fechamento da siderúrgica, serão demitidos pelo menos 8 mil trabalhadores. O vereador Ademir Pestana (PSDB) disse estar profundamente desapontado com a decisão da empresa e preocupado com o destino dos trabalhadores.

Ademir relembrou o “case” Volkswagem do ABC, quando há cerca de 9 anos, os trabalhadores receberam o ultimato dado pela direção da empresa que anunciava o encerramento das atividades. Na ocasião, a Volks estava fazendo a sua reestruturação com dinheiro emprestado pelo BNDS. Houve resistência e a fábrica não foi fechada e não houve demissões.

A Usiminas recebe financiamentos com juros subsidiados do Governo Federal. Ele citou que em 2006 utilizou recursos do BNDS da ordem de R$ 900 milhões para a modernização da empresa e em 2011, cerca de 2,3 milhões, como capital de giro. “Então, como pode depois de usufruir de dinheiro público, demitir”?

“A empresa vive um sucateamento programado”, esbravejou Ademir Pestana referindo-se a possibilidade de se transformar em um grande terminal portuário. Segundo ele, o porto é um instrumento para a produção de aço e não um fim. “Os zoneamentos e as licenças destinadas aos terminais privados podem ser revistos”. A afirmação tem como base o marco regulatório do setor portuário que definiu novos termos para a exploração de Terminais de Uso Privativo.

O parlamentar disse que o trabalhador está pagando uma conta que não é dele. “Esta é uma catástrofe para a economia regional”, disse. Estimativas de economistas apontam que o fim da produção de aço em Cubatão representa uma redução de valor econômico adicionado da ordem de R$ 3 bilhões anuais e R$ 250 milhões em salários.