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O editorial de “A Tribuna” desta sexta-feira / 6 centra sua análise no atualissimo tema das eleições da Mesa da Câmara. Nos manifestamos no sentido de denotar a ausência de avaliação de itens essenciais à compreensão do problema, narrando a evolução dos acontecimentos, que não pode prescindir de dados essenciais.

O conhecimento destes dados, reconhecemos, é da dinâmica interna desta Casa Legislativa. E seria difícil, senão impossível, sua ampla discussão, devido ao secular e desgastado sistema de eleições “fechadas” para os cargos de direção da edilidade santista. Mas enfim, tentaremos colocá-los, para uma discussão positiva, já que os integrantes oposicionistas da aliança não podem ser questionados sobre sua atuação na defesa popular.

Destaque-se, inicialmente, que o objetivo central e único desta aliança é a governabilidade da Câmara, garantindo a participação da oposição na Mesa e nas Comissões, de modo a preservar o papel fiscalizador e garantidor da democracia na administração pública e na preservação dos interesses populares. Aceitando, sim, a presença majoritária da situação sobre a oposição, real, como nas Comissões Especiais, sempre 3 a 2 -, mas sem renunciar nem abdicar do nosso papel.

Agora, os fatos que a opinião pública desconhece: quando reunida com os objetivos delineados supra, de garantir o papel da oposição na Câmara, a oposição unida decidiu, de acordo com a proposta do vereador Adelino Rodrigues, manter contatos com o vereador Odair Gonzalez e Mantovani. Adelino falaria com este último e Fausto Figueira com o primeiro. Essa posição foi consagrada e acordada por todos; mas eis que, no percurso, surgiria uma cisão individual: a do vereador Adelino, que atrairia outros.

Não poderemos deixar de lembrar que o vereador Adelino foi, em outras eleições, integralmente apoiado pela oposição, em pleitos que deixaram aparecer a “falsa barreira” – integrantes que saem a última hora atraídos pelo Executivo, em desfalques fatais – e que ensinaram. É preciso agir com inteligência e seriedade, para fazer oposição. Fui o primeiro a propor, na tribuna da Câmara, esta forma de garantir espaços para a oposição.

Com vinte anos de Câmara e após várias tentativas de chegar à Presidência da Casa, seu nome foi buscado pelo grupo de vereadores governistas que, detentores de seguidos mandatos na Mesa da Câmara, na iminência de serem deslocados, ofereciam a Presidência e uma Secretaria para Adelino – desde que ele trouxesse os votos da oposição.

Manifestações do próprio PSB de Adelino se fizeram ouvir, na ocasião, no sentido de que Papai Noel não existia e que o bloco tinha é que fechar logo a unidade articulada, para não perder espaços que já tinham ganho na Mesa e nas Comissões do Legislativo.

Em suma, a posição da oposição majoritária foi a de apoio à chapa heterogênea, que garantindo espaços para a oposição não aceitou embarcar em aventuras que, a última hora, teriam o mesmo final triste da última eleição – quando surgiram buracos na “falsa barreira” e a bola foi para as redes inapelavelmente, com o domínio total da Mesa e das Comissões pela situação.

Outrossim, ao contrário do que diz o editorial, a articulação que resultou na aprovação irregular da Lei de Uso e Ocupação do Solo em 29/11/2001, com quorum menor que o exigido, não foi exatamente comandada por Gonzalez – o que inclusive pode ser visto no vídeo gravado.

Odair, na sua função, sempre negociou lealmente com a oposição – e cumpriu o negociado. Junto com outras forças partidárias da esquerda, esta chapa e esta aliança seguirá adiante, em nome da coerência, pelo bem da cidade e de sua gente. É esta a nossa vontade.