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A questão da contaminação do solo provocada pela decomposição corporal nos sepultamentos nunca foi levada a sério, mas de fato oferece perigo à vida dos que permanecem entre nós. Permanecem, mas estão sujeitos a conviverem com uma água subterrânea que aflora e se mistura com aquela utilizada por seres humanos, que a partir dai entram em contato com milhares de bactérias decorrentes.

Eng. Bolivar Antunes Matos. Ele apresentou tese e doutoramento sobre o tema intitulada “Avaliação da ocorrência e do transporte de microrganismos no aqüífero freático do cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, município de São Paulo”, defendida no dia 30 de maio de 2001 no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.

Para a USP, os cemitérios podem ser fonte geradora de impactos ambientais. A localização e operação inadequadas de necrópoles, em meios urbanos, podem provocar a contaminação de mananciais hídricos por microrganismos – que proliferam no processo de decomposição dos corpos. Se o aqüífero freático for contaminado na área interna do cemitério, esta contaminação poderá fluir para regiões próximas, aumentando o risco de saúde nas pessoas que venham a utilizar desta água captada através de poços rasos.

Estudos de investigação em cemitérios da cidade de São Paulo mostraram que o aqüífero livre encontra-se contaminado por microrganismos. Em alguns locais, o nível freático encontra-se próximo da superfície (~0,50 m) fazendo com que alguns corpos fiquem imersos nas águas subterrâneas, propiciando a saponificação dos mesmos.

Um projeto de apoio à pesquisa está sendo desenvolvido no Cemitério Vila Nova Cachoeirinha para verificar a extensão da contaminação. Sondagens elétricas, caminhamentos eletromagnéticos, furos de sondagem, coletas de amostras de solo e água para análises química, física e bacteriológica estão sendo realizados.

Este projeto tem a colaboração do Laboratório de Microbiologia Ambiental do Instituto de Ciências Biomédicas e do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (CEPAS) da Universidade de São Paulo. O projeto é financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).