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Hoje, mais do que nunca, saudamos a vida. Saudamos quem conosco aposta e se dedica integralmente a esta missão de fé, de esperança, de resistência, de religiosidade, de idealismo, de militância política e, por que não dizer, revolucionária – a da defesa da vida.

Tão simples e tão fácil, tão saborosa e gratificante esta luta e esta batalha, mas existem aqueles que não a encontram pelo caminho.

É uma questão de sorte encontrarmos pela frente pessoas como o Doutor Marcos Montani Caseiro, como o mestre Jeová do Grupo Esperança, como os voluntários que hoje vão receber nosso abraço e nossa gratidão.

A humanidade é brindada por estes encontros, de pessoas que crêem na regeneração social, que crêem na humanidade, que crêem na cidade e em sua gente, que crêem nas idéias e na prática humanitária.

É uma questão de sorte, especialmente para nós que convivemos com a saúde administrando e fazendo crescer a vida e um hospital.
Convivendo com profissionais que amam a vida, de médicos a enfermeiros e auxiliares, que se integram, que colaboram, que demonstram o quanto a vida seria melhor se fosse produzida a fórmula social do hospital, atendendo as carências que surgem todos os dias e todas as horas.

Marcos Caseiro é um homem destes, predestinado para marcar seu nome na história das pessoas de bem. Como não podia deixar de ser, sua história começa a ser vivida desde os primeiros anos da adolescência, nas batalhas políticas contra a ditadura, na reorganização do pensamento socialista proibida, o pensamento que quer a riqueza comum e repartida, humanizada.

Caseiro, como prefere ser chamado, pois que é mais doutor do que só médico, é professor-doutor. Mestre em 1996 aos 34 anos e doutor em 2000 aos 38, Caseiro foi aluno do Colégio Santista, estudou em São Vicente e no então famoso Canadá, foi presidente do Centro Cívico em 1981.

Presidente do Centro dos Estudantes em 1985 e do Diretório dos estudantes de Medicina em 1986, o glorioso Diretório Acadêmico Arnaldo Vieira de carvalho, Marcos é formado na vigésima segunda turma, em 1988, hoje professor da cadeira de Moléstias infecto-contagiosas e parasitologia.

Marcos Caseiro, militante comunista da reorganização do PCB, acredita em um mundo melhor. É um destes sonhadores, como aqueles que defendiam a então causa impossível da abolição da escravatura. Ele defende uma nova sociedade, sem exploradores nem explorados, em que o valor da vida humana seja maior que o do dinheiro.

Suas referências hoje denominam ruas ou ocupam gratas lembranças de lições comunitárias. São nomes-homens símbolo na medicina, na atividade política e intelectual, na defesa da espécie.

Mas vai passar este tempo de crise e o povo vai retomar sua história e sua caminhada, sua história e sua memória, seus heróis Afinal, falamos da luta pela vida – e essa luta não pára, na energia do vigor da Eros contra Tânatos, da vida contra a morte. Caseiro é o personagem desta luta e desta noite.

O médico Marcos Montani Caseiro nasceu em 14 de dezembro de 1962, vai ainda fazer 40 anos. Mas mesmo que ainda jovem, é pós-graduado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e doutorado na USP, especializado em AIDS e hepatites, moléstias infecto-contagiosas em geral, missão a que se dedica a salvar vidas.

Autor de inúmeros artigos publicados em revistas nacionais e internacionais de medicina, estudioso e interessado na vida, pesquisador renomado, teve suas teses expostas em inúmeros congressos nacionais e internacionais.

Professor da Faculdade de Medicina há 11 anos, foi coordenador do Programa Municipal de DST / AIDS de Santos de 1994 a 1996 e ocupou o cargo em Cubatão de 1997 a 1999.

Membro do Comitê Estadual de Vacinas contra o HIV-AIDS e do Comitê Estadual de Tratamento de Cólera, Caseiro foi vencedor do V Prêmio Brystol-Myers Squibb de Imunovirologia – e do Prêmio Nedo Romiti e Maria José de Mesquita Romiti outorgado pela Câmara Municipal de Santos, como destaque de atuação na saúde em 1999.

Como vimos, tivéssemos a capacidade de sintetizar valores humanos como Caseiro em laboratório e teríamos avanços científicos formidáveis no campo social e humano, para todos e não para poucos como as conquistas científicas que surgem no dia a dia.

Alguns tem super-tecnologias cibernéticas e outros devem aguardar horas na fila por um minuto de atenção e um esparadrapo. Uma sociedade que diferencia assim seus membros não pode ser chamada de humana, disse alguém.

Aos voluntários do Grupo Esperança, da luta contra os abutres que nas montanhas do Cáucaso consomem o fígado de Prometeu, como na mitologia grega que representa o vírus que destrói o fígado e sua capacidade de recuperação, como na fábula milenar, do deus Prometeu que roubou o fogo do Olimpo e o entregou aos homens, a este símbolo da democracia e dos direitos humanos amplos e comuns, iguais;

Ao nosso Caseiro, que não quer ser chamado de doutor, em sua simplicidade e ideologia igualitária e sólida de fé no homem e na vida: bem unidos, façamos, desta luta a final! Da luta pela vida e pela terra para todas as pessoas, horizontal, comunitária, solidária.

Este nosso Caseiro não se forma em laboratório, mas na vivência social, é produto do meio, como diria o filósofo maior, da experiência concreta do dia a dia com a pobreza, a miséria, o sofrimento, a tristeza, a morte e a vida que, afinal, o premia e a todos nós – que nos levantamos para abraçar este Caseiro de nossa casa, de nossas, famílias, de nossos filhos, de nossa gente! Muito Obrigado.