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Qual a importância dos postes antigos, os primeiros para iluminação da cidade, à óleo de baleia,  instalados há mais de um século na avenida Ana Costa? Constitui crime sua retirada há dois anos e meio, no final de 1999, da calçada fronteiriça à Estação da Sorocabana, tombada para fins de preservação pelo CONDEPHAAT e no seu entorno? Afinal, o que defendem estes que querem proteger o patrimônio histórico?

A cidade é como as pessoas e se compõem de experiências, memórias acumuladas. Que tem forma e conteúdo, tem rosto, lembrança, que é a sua identidade. Assim é possível reconhecer as pessoas e as cidades, sem apagar episódios, sem rasgar sua tradição. Mas há sempre os que não ligam para ela e querem instalar até lojas nos jardins da praia.

É para isso que se protege o patrimônio, como o dos postes retirados da calçada e nunca mais devolvidos, do relógio que jamais teve seus ponteiros recolocados e da própria estação: não fosse a intervenção apressada da Deputada Lucia Prandi, pedindo ao CONDEPHAAT seu tombamento, e o monumento teria vindo ao chão.

À época da retirada dos postes, o CONDEPASA foi questionado pela Associação de Defesa Social, entidade de defesa do patrimônio histórico de que faz parte meu assessor Paulo Matos, assim como o Arquiteto Fábio Serrano, nome consagrado na matéria, além do Professor  e  Procurador Federal Alcides Teles Júnior, sobre esta infração à Lei de Defesa do Patrimônio,  em 7 de novembro de 1999.

A entidade de defesa do patrimônio histórico santista respondeu em ofício (119/2000) de 30 de novembro, por seu presidente Arquiteto Bechara Abdala Pestana Neves, que a empresa responsável (Racional Engenharia) teria informado que os postes haviam sido retirados para restauração e seriam reimplantados no local, sem questionar que era uma área tombada (o entorno do prédio da Estação) e que isso só poderia ser feito com autorização do órgão – assim como que isso jamais aconteceu e lá se vão longos anos e meses.

Preocupam-nos estas questões, como a do Pantheon dos Andradas, monumento histórico santista que vai fazer, neste 7 de setembro, 79 anos, inaugurado que foi em 1923. É um templo à memória da Independência brasileira, situado na praça Barão do Rio Branco 16, no antigo claustro do Convento do Carmo, construído pelos governos municipal e provincial

O grande santista José Bonifácio de Andrada e Silva, o maior vulto da nacionalidade, falecido aos 75 anos em 6 de abril de 1838, certamente tem mais bem cuidada sua estátua em Nova Iorque do que em sua cidade natal. Ela e o patrimônio histórico que grava as lembranças e a história da cidade, para que não precisem ser reconstruídos como em uma festa junina e sirvam à sua gente, inclusive à sua economia – que não é o único farol a nos guiar.